Gripe das aves? Não há motivo para alarme…

Parece ser o que se pode deprender da actuação do Centro Nacional de Emergência da Gripe Aviária. Leio no Correio da Manhã de hoje:

Os técnicos do Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIV) vão analisar hoje um galo que foi ontem recolhida por funcionários da Câmara de Lisboa à porta de um edifício na Rua Castilho, onde funciona um instituto (INGA) titulado pelo Ministério da Agricultura.

“O bicho foi deixado aqui cerca das 11h30, por um indivíduo que tem uma quinta na zona de Palmela. Chegou vivo, a espumar, mas acabou por morrer”, disse ao CM Alberto Santos, segurança do edifício onde foi deixada a ave, frisando que só foi recolhida por volta das 19h00.

“Comecei a telefonar para ao n.º do Centro Nacional de Emergência da Gripe Aviária (800 207 275) às 11h30, quando a ave aqui chegou, e só consegui que me atendessem por volta das 16h00”, observou.
Alberto Santos não escondeu que ficou estupefacto com o que ouviu do outro lado da linha: “Disseram-me que se o bicho não fosse recolhido até às sete da noite que pegasse nele e o deitasse no lixo. É evidente que nem eu nem ninguém se atreveu a pegar no saco preto onde estava a ave.”

Para resolver a situação, Alberto Santos telefonou para a Câmara de Lisboa: “Passado algum tempo apareceram duas pessoas com luvas e máscaras que meteram a ave num saco que fecharam hermeticamente.”

Um funcionário do canil e gatil municipal, que não se quis identificar, disse ao CM que foi por ordem do Centro Nacional de Emergência da Gripe Aviária que foram recolher o galo.

Bom, com um serviço destes… para quê preocupar-mo-nos? Parece que o Governo tem tudo sob controle.

O fim do escândalo

O artigo abaixo é da autoria do jornalista Pedro Rolo Duarte pedro.roloduarte@gmail.com e aparece no DN Online de hoje.

Há uns bons 15 anos, o então ministro Miguel Cadilhe fez uma mudança de casa utilizando serviços do estado e aproveitou uma alteração legislativa para pagar um valor de sisa inferior ao que seria devido numa transacção imobiliária. O jornal O Independente, à época fresco e vigoroso, dirigido por Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso, denunciou o caso, transformou-o em assunto nacional, e o ministro foi para casa. Era o começo de uma época marcada pela palavra “escândalo”. Os portugueses acordavam, atónitos, num país cheio de “escândalos” – corrupção, vigarice, abuso de poder, tráfico de influências, estava descoberta a razão pela qual havia pessoas que se “interessavam” pela política: para “se servirem”. Nasceu aí, também, a frase “eles são todos iguais”.

Os anos passaram. Como sucede com tudo o que se repete incessantemente, a palavra “escândalo” cansou Portugal – e passou a haver “casos”, “investigações”, “suspeitas” e outras designações mais amenas. Habituámo-nos de tal forma à ideia de que “não há almoços grátis” que já pouco ou nada nos espanta. Amolecemos com os “escândalos” à frente do nariz, e dedicamo-nos a debater generalidades: a justiça, o aborto, a saúde, a educação. O “estado de”.

Mas a verdade é que, além da indiferença nacional entretanto tornada “modo de estar”, nada mudou. Os “escândalos” continuam aí. No fim-de-semana, o Expresso revelou o que se passa no metro do Porto: gestores que recebem 650 mil euros de prémios numa empresa que deu sempre prejuízo e é considerada um desastre financeiro, atrasos nas obras, multiplicação orçamental. Um verdadeiro escândalo. Com nomes de pessoas, responsáveis, causas e consequências. Pois bem: passaram quatro dias e nada aconteceu a nenhuma das figuras envolvidas. Há 15 anos, o escândalo que a notícia revela teria feito cair administradores, autarcas, talvez até chegasse ao Governo. Nos dias que correm, não acontece nada.

Eu já desconfiava, mas agora tenho a certeza: o escândalo, tal e qual o conhecemos, chegou ao fim. Agora vivemos na normalidade democrática. Tão normal e tão democrática que somos realmente todos iguais. Impunes. E a fazer pela vida. Cada um como pode, claro…

Raramente leio algo tão “suave” na imprensa online. Parabéns Pedro!

Os controladores do Sr. Dr. Alberto Costa

Segundo o Expresso online de hoje: “O ministro da Justiça, Alberto Costa, admitiu quarta-feira a possibilidade de criação de uma comissão especializada junto do Conselho Superior da Magistratura (CSM) para «acompanhar do ponto de vista técnico a questão das escutas telefónicas».

[…]
No que concerne a este assunto sensível das intercepções telefónicas, o ministro revelou ainda a intenção de haver uma «delimitação rigorosa de quem pode ser alvo de escutas».

Em matéria de segredo de Justiça, o ministro avançou que o Governo sugeriu aos partidos que houvesse um «tratamento diferente para diferentes situações», propondo soluções diversas consoante as entidades envolvidas e as profissões que tenham ou não contacto directo com o processo.

Alberto Costa enfatizou que a reunião com os partidos para discussão da reforma do CPP decorreu «numa atmosfera muito estimulante» em que se pretende alcançar um «consenso alargado» em matérias de «interesse fundamental» para os cidadãos e para a democracia”. (sic)
Agora alguém me explica, por favor, como é que alguém pode fazer uma «delimitação rigorosa de quem pode ser alvo de escutas»? Até já estou a imaginar o Controlador para o polícia: “Eh pá, esse não, caraças!… Esse é cá dos nossos!!!…” Ou então: “Eh pá, esse não… cuidado! Olhe que esse é amigo do coiso, pá!!!… Quer meter-nos em sarilhos ou quê?” Ou ainda… “Eh lá! Esse não!!!” e o polícia: “Então mas este, nós temos quase a certeza de que ele está metido na coisa!… Temos que ser isentos!” E o controlador: “Eh pá, eu estou-me a c@gar para a isenção, pá!!!”

Protestos na India contra a comemoração do Dia de São Valentim

O Expresso exibe hoje esta foto com a seguinte legenda: Em Bangalore, activistas indianos queimam cartões românticos numa acção de protesto contra o Dia dos Namorados. Os manifestantes censuram o Dia de São Valentim, que entendem ser uma celebração ocidental que não deve ser festejada na India.

Aqui no ‘Muito suave’ ficámos a pensar… Eh pá, não seria melhor o Freitas fazer mais um comunicado a pedir desculpa por qualquer coisinha?…

Mulher do Pinto da Costa ou sósia?

Anda a circular um email intitulado A “mulher” do Pinto da Costa – Catarina Salgado no seu melhor!!!

O email contém várias fotos de alguém que, ou é de facto a Catarina Salgado ou então é uma pessoa muito parecida com ela.

A única foto que encontrei na net em que aparece a Catarina Salgado é esta, que coloquei lado a lado com a alegada “Catarina Salgado”. Deixo aos leitores o julgamento sobre se é ou não a Catarina, de facto, que está à esquerda.

Quanto a mim, só digo que ambas são… muito suaves…

Liberdade de expressão

Os cartons publicados pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten podem nem ter muita piada mas… será que os editores deviam mesmo ter pensado nas consequências da publicação dos mesmos?

Não concordo. A mera publicação de quaisquer imagens do profeta, mesmo que “não ofensivas”, é proibida pela lei islâmica.

A mesma lei islâmica que fez com que alguns extremistas tenham até pensado rebentar à bomba com uma igreja de Bolonha, por causa de uma imagem de Moamé a ser torturado pelo diabo que aí se encontra (segundo o Guardian, notícia de 24.Junho.2002).

Deverá a igreja suprimir essa imagem, pela ofensa que representa?

Deveriam então ser retiradas do mercado as edições ilustradas da Divina Comédia de Dante que nos mostram Maomé nú e de ventre rasgado?


Muito interessante esta recolha de imagens de Maomé – Mohammed Image Archive – incluindo os tais cartoons do jornal Dinamarquês e um cartoon de ‘Cabu’ publicado em 2002 pela Charlie Hebdo. Suponho que os extremistas não devem ter reparado nisto…


Visita recomendada pelo Muito suave.