Imagens de Outono

Passeava pelo Paço do Lumiar quando deparei com esta torre coberta de hera. A paleta de cores da planta era impressionante, desde cor de vinho carregado, passando pelos castanho-avermelhados até chegar aos vários tons de verde.

As cores e o contraste que faziam com a pedra, criavam um efeito espectacular e senti-me impelido a sacar da máquina para capturar a imagem.


O que está aí em cima era o que eu “via” mas… em fotografia, a luz é tudo e num final de tarde de Outono, a luz escasseia.
Quando a luz não ajuda… dá-se um jeitinho com a ajuda da informática! Tcharam…

O pior é quando se olha para a foto e se descobre algo em que nem se tinha reparado, mas que, de repente sobressai e arruína o enquadramento, como aquele maldito cabo telefónico! Bom… é meter mãos à obra!!!

Até parece que vos estou a ouvir: “Então mas afinal… isto é só photoshop!… Só falta é aparecer a Lady Gaga à varanda com um chicote na mão!”

Ó amigo… você manda!!!

Como na India em Lisboa

Esta tarde, tive de ir à Loja do cidadão. Quando saí, virei para a direita, para onde tinha estacionado o carro. Estava a chegar perto da entrada das traseiras do Centro Ismaili, quando vejo uma senhora a montar uma banca. Fui andando e ela começou a expor o produto.

Mal vi que eram chamuças, decidi logo que não saía dali sem levar umas para provar!


Mas não são só chamuças que a simpática Sra. Badji vende. Não sei se estou a escrever bem o nome mas, tendo em conta que a senhora fala muito pouco Português e não fala Inglês, isto é o mais aproximado que consegui. Não… não fiz confusão com Onion Bahdji, disso a Sra. Badji não vende.

O que a Sra. Badji vende são as chamuças e também uns pastéis de batata, de dois tipos diferentes. E claro… também comprei desses!

As chamuças eram de frango e estavam muito boas. Para serem perfeitas, só faltava terem um bocadinho de cebola, para ficarem menos secas. Uma chamuça e uma mini, formaram uma entrada perfeita.

Os pastéis de batata também não estavam nada maus. Fiz batota e, em vez de entrada, usei-os como acompanhamento de uma alheira assada no forno. Isto e mais uns espargos cozidos, resultaram num belíssimo jantar gourmet de cozinha de fusão.

Os cruzamentos de culturas são, quanto a mim, uma das coisas mais interessantes do viver numa metrópole e um momento como este – embora nada do que comi fosse para mim novidade – é sempre uma experiência.

A gaivota II

Passeava pela praia quando encontrei de novo a gaivota que me tanto me tinha feito rir há algum tempo atrás.
Desta vez, no entanto, estava queixosa, e arrastava-se penosamente pelo areal à beira-mar:
– Ai! Ai! Aiiiii! Aiiiii! – gemia, parecendo ter bastantes dores.

– O que é que se passa, Dona Gaivota? – perguntei-lhe.

– Eh pá… tenho a asa direita partida!… Isto dói como o caraças!

– Tchhh… que chatice!… Já viu como é a vida? Ainda há uns dias você andava para ali toda porreira, até se fartou de gozar com aqueles tipos que puseram letreiros de VENDIDO a torto e a direito pelo prédio fora…

– Pois… então e quem é que tu achas que me partiu a asa?!…

Mudar o rumo da vida II

Tinha chegado do Algarve, desiludido com as tanguices do Doutor Cassama e mais as suas dez identidades.

“Mudar o rumo da vida em Portimão” não iria acontecer nunca, e entretanto, à medida que o tempo ia passando, a hipótese de consultar o Professor Alexandrino ou a Linda Reis parecia-me cada vez mais distante, nem sei bem porquê.

Foi então que um dia, ao dirigir-me para o carro, vi, colado com fita-cola a um poste de iluminação, aquilo que, desta vez sim, com toda a certeza, ia mesmo mudar o rumo da minha vida.

O cartaz, a cores, anunciava o 2º Congresso Internacional de Metafísica Cósmica, que se ia realizar no dia 2 de Outubro.

“O Despertar da Humanidade”. Pois era mesmo disto que eu andava à procura! “O Serviço dos Mestres Ascensos”… sim, isto também devia ser bom… “A Presença Divina Eu Sou”… hum… esta escapava-me… mas isto não era muito importante. Pormenores. Isto ia ser bom! Tinha a certeza.

Importante era que o congresso tinha a “Participação especial do V.M. (Vidente Mestre?…) Hach Ben Faqui […] “Membro Honorável da Fraternidade Branca e da Federação Galáctica”. A coisa era a sério!…

Tomei nota da data e do local e fui-me preparando mentalmente para as revelações.

Chegado o dia, arranquei para o Hotel Olissipo e dirigi-me à porta. Qual não foi o meu espanto quando me pediram para fazer… uma doação de 50 Euros!

Aquilo que, na leitura feita na diagonal ao cartaz, me parecera a indicação do Autocarro – 50E – era afinal o valor da “doação” a fazer!!!

Pois, com certeza, vou só ali ao multibanco levantar dinheiro, é um instante e já volto – disse eu, numa desculpa mal amanhada – volto, volto… mas é para casa!

Cinquenta euros para ouvir um gajo a falar? Um gajo que eu não conheço de lado nenhum?! Quero cá saber se o gajo é Membro da Fraternidade Branca, ou da Federação Galáctica ou o caraças!!!

Com 50 euros, almoço eu umas seis vezes… e quero que se f… a Metafísica Cósmica!!!