Ontem, ao fim do dia, durante algumas horas, os lisboetas sentiram o que é estar perto de um incêndio. O fumo dos incêndios que decorriam em Mafra e Torres Vedras avançou para Lisboa, criando um ambiente desagradável e sufocante.
Nalguns locais, a visibilidade ficou bastante reduzida e o cheiro a fumo era bastante intenso.
Para quem vive em Lisboa, os incêndios de Verão são quase sempre algo distante: onde há incêndios é no campo, nas serras e nas matas.
Muitos nunca viram sequer o que fica no rescaldo desses incêndios: quilómetros e quilómetros de desolação e de perda.
Essa paisagem de serra ardida faz-me sempre sentir uma enorme raiva pela estupidez dos pirómanos que ateiam os incêndios “pelo prazer de ver arder” e que acabam por escapar impunes à Justiça: muitos são considerados inimputáveis – maluquinhos, em português corrente…
Era bom que aquela fumarada de ontem à tarde em Lisboa fizesse os responsáveis pelas revisões do Código Penal perguntarem-se:
Não estará mais do que na altura de rever o enquadramento penal do crime de incêndio florestal, bem como a facilidade com que um mui douto Juiz decreta a inimputabilidade destes incendiários?