Ensaio sobre a Censura (para a posteridade)

A Câncio regozijou-se, há dois meses e pouco, no Tweeter, com uma vitória sua, em tribunal. Embora no seu tweet não mencionasse do que se tratava, todos os seus seguidores aparentavam saber.

Uma rápida busca no Google permitiu confirmar o que eu já suspeitava. A Câncio, para além de ter conseguido que a Justiça censurasse um livro, ainda conseguia empochar uns cobres à conta disso, como se pode comprovar pela leitura do Diário de Notícias de 08 de Julho de 2020:

José António Saraiva condenado por devassa da vida privada

Jornalista Fernanda Câncio é uma das indemnizadas. Autor do livro “Eu e os políticos”, que foi retirado do mercado por ordem judicial, foi esta quarta-feira condenado a 180 dias de multa à taxa diária de 30 euros: 5400 euros. Terá ainda de pagar 30 mil euros de indemnização, a dividir pela jornalista e pelo outro queixoso.

Devo dizer que não me espanta a Câncio querer um livro censurado. Esta é a mesma Câncio que, em 2018, achincalhou a sua colega de profissão, Dina Aguiar, com o tweet: “Portugal em Direto, na RTPN, tem uma apresentadora que acha que pode despedir-se com um ‘até segunda-feira se Deus quiser’. Isto é o quê, a TV da paróquia?”

A mesma Câncio que se indigna por podermos ver no YouTube (vídeo entretanto apagado, mas disponível no Correio da Manhã) as voltas e reviravoltas com que finta o interrogatório no DCIAP, usando amiúde a sua figura de estilo predileta, a ironia.

É engraçado ver esta malta de esquerda querer a Censura de volta. Censura forrada com o papel de embrulho do politicamente correcto. Esta mesma Câncio bloqueou-me no Tweeter porque eu admiti que tinha achado graça à piada do João Quadros: “O ferro rodrigues já não usava máscara desde a casa de elvas”. Foda-se! Genial! Como não há-de um gajo rir com isto???

Ora, sendo eu contra a Censura, por um lado, e tendo comprado o livro para desfrutar da leitura da tal estória, por outro, senti-me, pelo primeiro motivo, indignado e pelo segundo, mais indignado ainda, pois os sacanas dos editores não fazem qualquer menção ao corte, nem na capa nem na contracapa, nem nas abas, pelo que, só ao chegar à página 165 dei com o asterisco e a nota de rodapé: * Local do texto eliminado – total de 15 linhas – em conformidade com deliberação decretada na sequência do procedimento cautelar (Ap 23019/16.5T8 LSB.L1) intentado por Fernanda Maria Câncio da Silva Pereira. (N. do E.)

Ou seja, fui roubado!

Curioso como sou, isto não podia ficar assim. Toca, portanto, de fazer mais umas buscas na net e eis senão quando, encontro o livro online… na sua versão integral, sem censuras. Para quem duvide, deixo o link para a página no slideshare. E folheando virtualmente, lá está, na mencionada página, a tal estória sobre a Câncio:

Mas afinal, porquê tanto fuzué por causa de uma estória sobre umas fotos da Câncio a ter relações com o namorado? Uma rapariga que julgávamos moderna e afinal é tão púdica… Então e a empregada da limpeza? Podia ver à vontade que não tinha qualquer problema? Foi esquecimento, distracção, ou será que, por ser “uma simples empregada”… não achavam necessário ter alguma consideração pelo que ela pudesse achar das fotos?

Ou será que o processo em tribunal foi mesmo só para sacar umas massas ao Saraiva?… Se foi, parabéns! Resultou em cheio.

Oh pá, giro era a tal empregada da limpeza ter fanado uma ou duas das tais fotos!… Era coisa para tornar a Fernanda mais famosa que o Taveira!

Escrevo isto no final de uma semana durante a qual morreu um rapaz que publicava umas coisas engraçadas no Tweeter, dizem-me, e sobre o qual a Fernanda (que diz que o “tinha em mudo”) resolveu escrever uma linhas, sentada no seu apartamento da Baixa Pombalina (mas não no Chiado, hélas) num belíssimo tweet em formato tríptico.

Tenho esperança, pois, que este post, de forma semelhante à dos posts desse rapaz, me alcandore a uma posição de ainda mais baixa estima por parte da Fernanda, de modo a que, caso algo de funesto me venha a ocorrer nos tempos mais próximos, esta tenha a atenção de lavrar umas breves linhas sobre a minha humilde pessoa.

O Jorge e o Tobias, o gato que já foi ao Brasil

Este Sábado conheci o Jorge e o seu gato Tobias. O Jorge contou-me que, há uns anos, foi convidado para ir dar uma formação sobre fabrico de instrumentos musicais a partir de material reciclado, no Brasil.

Uma vez que não tinha com quem deixar o Tobias, disse que só iria se pudesse levar o seu gato. A entidade que o estava a contratar aceitou o seu pedido e lá foram os dois passear até ao Brasil.

Eu vinha da Feira da Ladra, descendo a Rua do Paraíso e, depois desta seguindo pela Rua dos Remédios, e fui reparando que, apesar de ser Sábado, havia vários restaurantes fechados. Eu ia fisgado para comer um Pastel de Feijão muito especial na Fábrica do Pastel de Feijão. Infelizmente, a rapariga da Pizzeria mesmo ao lado informou-me que essa casa está fechada já há algum tempo, por causa da pandemia.

Segui viagem, e mais abaixo, no Largo do Chafariz de Dentro, que estou habituado a ver pejado de turistas, as esplanadas estavam quase desertas.

Vi alguns turistas passarem, mas muito poucos. Sentei-me, pedi um sumo de laranja e um pastel de nata e, durante o pedaço de tempo que ali estive, só apareceu uma cliente. Tristes tempos, estes que vivemos.