Mauzinhas?

Prato do dia, 6ª feira passada, num restaurante do Paço do Lumiar: “Máuzinhas de vitela com grão”. Hein!… Como disse?

Erros gramaticais aparte, certo é que se come barato: Pão, Prato, 1 Bebida, 1 Sobremesa e 1 Café por 7,50 €, acho que não está mal… desde que as “máuzinhas” sejam boas, claro!

Levar no pacote

Dona Arminda ligou para o filho. Era dia do Benfica-Sporting e tinha reparado que as cervejas do frigorífico se tinham acabado. Precisava de um pack de “mines” com urgência. Aqueles 5 a 3 que o Sporting tinha dado há três anos ao Benfica tinha-lhe deixado marcas… e dessa vez até havia cerveja fresquinha em casa!…

– Tá? Fiiilho!… Sou eu, a mãe. Onde é que estás?
– No levar no pacote.
– Hein??? O quêêê?!…
– Levar no pacote, mãe!

A Dona Arminda ficou em silêncio alguns segundos antes de conseguir articular uma palavra.

– Filho! Por favor anda para casa… Eu juro que não digo nada ao pai… mas anda para casa.
– O mãe… mas eu tou aqui tão bem, com os meus amigos!…

Mais um momento silêncio e Dona Arminda, já enervada:

– Ó filho!… Tu anda-me já para casa, antes que eu perca a cabeça!!! Olha que eu ainda conto ao teu pai e ele chega-te a roupa ao pêlo!… Ai chega, chega!!!
– Ó mãe, mas que mal é que tem?
– Ai tu ainda perguntas? Filho, tu larga esses teus “amigos” e vem já para casa, que eu quero ter uma conversa contigo!
– Mas…
– Nem mas, nem, meio mas! Despacha-te!!! Olha, e passa no Mini-mercado e traz uma mines pró teu pai…
– Tá bem mãe… já vou…
– Vá! Anda daí!… A gente depois temos de ter uma conversa, só nós os dois!…

Já depois de desligar, Dona Arminda ainda falava sozinha:

-Ai Jesus!… Anda uma mãe a criar um filho para isto… E ele ainda a semana passada me apresentou uma namorada tão gira… e afinal… andava naquilo!…

Enquanto bebia um copo de água com açúcar, para se acalmar, sentada na cozinha, Dona Arminda não deixava de se interrogar: Caramba, a descontracção com que o meu filho me diz aquilo, assim como se não fosse nada… “Mãe, tou a levar no pacote”.

Separados à nascença?… Ou… Juntos em breve?

Alguns acharão que este “Separados à nascença” é mauzinho e até cruel.

São os mesmos que acham que o Duarte Lima é um santo.

O que é que eu hei-de dizer? Sim, é verdade que o Sôr Duarte Lima foi um dos fundadores da Associação Portuguesa Contra a Leucemia. Mas será que isso faz dele um santo?

Este tipo é um pequeno milionário. Sendo um pequeno milionário, pode dar-se ao luxo de despender uma parte do seu tempo em obras de beneficência: é bonito, fica bem, leva palmadinhas nas costas e enche o ego!

Agora… como é que foi que ele ficou assim tão rico? Essa é que é a questão!

Não foi por acaso que, entre 1994 e 1996, o Independente fez uma série de capas sobre este senhor: ‘Casa Cheia’, ‘Obra-Lima’, ‘A Lista de Lima’, ‘Imposto de Lima’, ‘Lima 33’, ‘Aspilima’ e, last but not least, ‘Mentes Lima’ (como nos relembrou o CM a 29.Agosto).

Ainda segundo o CM: Lima desmente todas as suspeitas, mas suspende a liderança da bancada parlamentar e pede à Procuradoria-Geral da República que investigue a sua vida económica e fiscal. […] O processo é arquivado em 1997. O Ministério Público não encontra matéria para o levar a julgamento, embora não explique a origem dos rendimentos de Duarte Lima.

O ‘Expresso’ divulga o que foi apurado no processo: entre 1986 e 1994, foram depositados mais de um milhão de contos (cerca de cinco milhões de euros) em contas bancárias de Duarte Lima, sendo que este declarou 180 mil contos (900 mil euros) para efeitos fiscais. Lima era titular de 35 contas em seu nome e de familiares ou amigos, que foram usadas para pagar bens. Mas não se apura qualquer crime. […]

Duarte Lima chega a ter o desplante de declarar: “Ficou provado que o cidadão Duarte Lima não praticou nenhum acto, enquanto político, do qual tivesse qualquer benefício material ou até relevância no domínio económico-financeiro ou fiscal”.

Na realidade o que aconteceu foi que não se conseguiu provar o contrário… enfim, é uma questão de semântica. E é este tipo que me querem enfiar como sendo uma “boa pessoa”?

Duarte Lima é, per se, a definição de “crime de enriquecimento ilícito” e é por estas histórias todas que eu, lamento, mas não estou cheinho de pena dele. Ponto final; parágrafo.

A seu favor, tem, apesar de tudo, o facto de – segundo o colega de bancada Ângelo Correia – ter chateado bastante o Soares, enquanto era deputado do PSD, o que já o faz subir uns pontos na minha consideração. Mas daí a ter alguma simpatia pelo homem… vai um grande passo!

Relativamente ao Caso Feteira. Aqui no Muito suave, não sabemos se Duarte Lima teve ou não alguma coisa a ver com o assassinato da Rosalina Ribeiro.

Até ver… o homem é inocente. Um dos pilares do nosso sistema judicial é a presunção da inocência. Esclarecidos?

Por outro lado, não há dúvida de que a versão que o Duarte Lima tem vindo a dar, aos bochechos, soa a uma “estória” muito mal contada.

É no mínimo muito estranho que um sujeito com um excelente percurso académico, e que é considerado um brilhante advogado, comece a ter lapsos de memória a partir do momento em que uma cliente sua é assassinada…

Por outro lado, e como disse e muito bem o Miguel Júdice, se os 6 milhões de euros não são honorários, então não são dele, e deve devolvê-los.

Assim sendo, é bom que responda como deve de ser às perguntas da Polícia Brasileira… senão…

Senão ainda é mesmo capaz de ter de compartilhar a cela com o Luis Militão!

A coisa anda negra para Paulo Pedroso e o Ferrinho também não escapa

Ainda me lembro de quando li no CM a célebre frase “a coisa anda negra para Paulo Pedroso” e o “Ferrinho também não escapa”. Isto foi em 08 de Julho de 2003 e frase era atribuída ao Juiz Trigo Mesquita.

Nessa altura, houve quem pensasse, ingenuamente, que aquilo ia dar uma grande bronca. A Justiça ia ser cega, e ia tratar políticos conhecidos como cidadãos comuns.

Estes políticos iam ser julgados juntamente com o conhecido apresentador Carlos Cruz, mais um embaixador chamado Jorge Ritto e um advogado de nome Hugo Marçal. Todos ele, juntamente com um motorista da Casa Pia, Carlos Silvino, o “Bibi”.

Haveria ainda de aparecer, mais para a frente, o médico Ferreira Diniz, e ainda Manuel Abrantes, ex-provedor da Casa Pia.

O caso já tinha rebentado antes, em 2002, e podia ter rebentado ainda antes, se alguém na RTP tivesse tido tomates para passar a reportagem feita na Casa Pia em 1980, de que fala o Público em Dezembro de 2002.

Lendo com atenção esta notícia, é fácil de ver que havia peixe graúdo metido ao barulho, e que, evidentemente… a Justiça NÃO iria ser cega.

Por causa da tal frase do “a coisa anda negra…”, o Juiz Trigo Mesquita vê-se pressionado e pede escusa do processo, em meados de Julho de 2003.

Ainda em Julho desse ano, foi a vez do CM publicar excertos da escuta do “telefonema que tramou Pedroso”. Desta conversa entre Ferro Rodrigues e António Costa, resultava claro que o Procurador Geral da República estava a ser pressionado pelas cúpulas do PS.

Rui Teixeira decidia então pela prisão preventiva de Paulo Pedroso. Tinha metido a mão no ninho das vespas…

O advogado João Pedroso (irmão de Pedro Pedroso) e Vera Jardim, deputado socialista indignavam-se com o facto de o líder do PS (oposição, na altura), Ferro Rodrigues, ter estado a ser escutado, considerando a escuta como “[…] uma devassa para a vida interna do PS” e uma questão que “levanta problemas gravíssimos para a vida democrática e para o Estado de Direito em Portugal”. Argumentos de uma infantilidade que quase dá vontade de rir.

Os socialistas começaram a passar-se. Ferro dizia que era preciso “porrada em cima deles”, “porrada política”. Manuel Alegre, hoje candidato à presidência da República, dizia para os investigadores “enfiarem as escutas…” e defendia que o Governo de Durão Barroso “tem de ir abaixo”. Nascia, então, a “teoria da cabala”, da montagem de testemunhos contra o deputado socialista.

Paulo Pedroso é entretanto identificado através de uma fotografia. A foto é de má qualidade e, por esse motivo (!) os juízes desembargadores consideraram nula a identificação do deputado, além de apontarem “pouca consistência” dos depoimentos. Estava quase safo…

Em Janeiro de 2004, o portal iol afirma que “Os exames médicos realizados a Paulo Pedroso no Instituto de Medicina Legal (IML) de Lisboa detectaram manchas irregulares nas duas nádegas do ex-deputado socialista. Segundo avança a TVI, os resultados dos exames indiciam que o deputado pode ter sido sujeito a uma intervenção cirúrgica”. […] Os relatórios dos peritos do IML apontam no sentido de que Paulo Pedroso pode ter sido sujeito a uma intervenção cirúrgica na nádega para remoção ou disfarce de uma mancha. Os especialistas do IML recorreram, ainda de acordo com a TVI, a uma técnica com luz ultravioleta que permite perceber que há, de facto, uma diferença de coloração da pele no local onde uma testemunha referiu a existência de um sinal”.

O iol acrescenta ainda que “Os advogados de defesa de Paulo Pedroso negaram esta quinta-feira que o ex-porta-voz socialista tivesse alguma vez feito uma intervenção cirúrgica para remover qualquer sinal e ameaçaram processar quem insistir em divulgar essa «calúnia».”… mas o Muito suave divulga!

Em Agosto de 2004 DN noticia que: “O jornalista do ‘Correio da Manhã’ (CM), Octávio Lopes, afirmou ontem que lhe foi roubado um conjunto de gravações de que dispunha, no âmbito do trabalho realizado sobre o processo da alegada rede de pedofilia da Casa Pia . […] essas gravações incluem ‘conversas e entrevistas» que manteve «com diversas fontes ligadas ao processo’.” É apenas mais um episódio desta “novela”.

Há um outro “episódio”, este bastante mais atrás, em Novembro de 2002, que mostra bem a força com que as cúpulas do PS se protegeram.

A jornalista Felícia Cabrita recebeu um documento que lhe foi entregue pela antiga secretária de Estado da Família Teresa Costa Macedo. Da folha manuscrita consta uma série de nomes que Teresa Costa Macedo terá escrito durante a emissão do programa Hora Extra da SIC, emitido a 26 de Novembro de 2002.

Segundo a TSF (11.Jan.07) Teresa Costa Macedo assume que viu fotografias. Teresa Costa Macedo revelou em tribunal que viu fotografias de conteúdo pedófilo na casa de Jorge Ritto, sem identificar os protagonistas, e que posteriormente Jaime Gama questionou-a sobre a sua alegada perseguição ao diplomata.”
[…]
“Ouvida no Tribunal de Santa Clara, a ex-secretária de Estado da Família contou que recebeu uma caixa amarela com fotografias, apreendida na casa de Jorge Ritto, arguido no processo, depois de naquela residência terem sido descobertos três menores que tinham desaparecido da instituição em 1982.”
[…]
“A ex-governante adiantou que chegou a ter no seu gabinete essa caixa amarela contendo diversas fotografias, mas que só viu a primeira e a segunda, porque ficou «chocada» com o seu conteúdo, não identificando nenhum adulto ou menor.”

Será que alguém acredita nesta parte do testemunho de Teresa Costa Macedo? Desculpem-me os crédulos mas acho absolutamente inverosímil que alguém (sobretudo com a responsabilidade que tinha aos ombros) fique tão chocado com fotos a ponto de fechar a caixinha e exclamar “Estou chocada e não consigo ver mais!…”

Estou seguro que viu as fotos, muito possivelmente até as terá mostrado ao seu núcleo mais próximo – como faria qualquer pessoa normal – e estou seguro que identificou alguns dos adultos.

Daí resultou a lista de nomes que rabiscou numa folha e entregou à jornalista Felícia Cabrita.

É fácil de adivinhar que entretanto, “alguém lá de cima” disse à Teresa Costa Macedo: “O Dona Teresa, é melhor não se meter nisso, que vai arranjar imensos problemas a imensa gente… e ainda vai estragar a sua vida toda…” e aí ela percebeu o melhor era ficar caladinha.

Na sequência destes eventos, “a jornalista Felícia Cabrita apresentou queixa contra Teresa Costa Macedo […] por crimes de falsidade de testemunho, quando prestou declarações no julgamento do processo Casa Pia, e difamação” (TSF 19.Fev.2009).

Este processo ainda estará a correr neste momento, enquanto os advogados dos arguidos do Processo Casa Pia preparam os seus recursos… e o seu desfecho é algo que aguça a minha curiosidade!

Já agora… e a caixa amarela com as fotografias, onde é que foi parar no meio disto tudo?…

Os abutres da RTP

A RTP tem por hábito não incluir qualquer referência às provas do Mundial de Motociclismo nos seus telejornais. Nem sequer uns segundos são gastos no jornal da noite do próprio dia de cada uma das corridas, a informar quem alcançou o pódio nesse Grande Prémio.

Como adepto, fico frustrado com este desprezo, sobretudo porque as imagens do resumo noticioso podem ser solicitadas à SportTV, que é obrigada a cedê-las gratuitamente, como de resto se passa com as imagens dos jogos de futebol que este canal transmite em exclusivo.

Já as notícias do futebol, desde a 1ª Divisão até à Distrital, mais o futebol internacional, mais as tricas do treinador da Selecção Nacional, mais seja o que for que tenha a ver com “a bola”, isso sim… tudo é matéria importante que tem de ser noticiada.

Curiosamente, ou talvez não, sempre que há um acidente numa prova de Motociclismo, especialmente se envolve a morte de algum piloto, lá estão eles!

Esta semana, no decorrer do Grande Prémio de San Marino, morreu o piloto japonês Shoya Tomizawa.

Como, ainda por cima, na semana passada tinha também acontecido um acidente fatal em Indianapolis, onde morreu um piloto americano muito jovem, das 125, Peter Lenz (com apenas 13 anos)… os abutres esfregaram as mãos!

E assim, cumprindo com a tradição da casa, lá apareceu a peça, com quase 1 minuto de duração!

Os abutres, que deviam andar esfomeados, tiveram finalmente um repasto de encher a barriga! A esta hora ainda devem estar a palitar os dentes…
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