Adelino Lopes (parte 2)

O Adelino Lopes é um Setubalense aventureiro, que fez das estradas da Europa a sua casa e sobre quem escrevi aqui, em Novembro de 2009.

Passado um ano e pouco, em Dezembro de 2010, fotografei alguém que dormia num banco de jardim na Avenida da Liberdade, por baixo de um oleado que cobria todo o banco e uma bicicleta (!) mas não consegui ter a certeza se era o Adelino ou não.

Por não ter a certeza se era o Adelino, não escrevi nada na altura mas, por causa de um comentário que me apareceu hoje nesse post, escrito há um ano atrás, resolvi resgatar essa foto.

Fazendo uma pesquisa na net, encontrei um álbum com centenas de fotos do Adelino, desde 2006 a 2009 de onde tirei esta, na Turquia em Dez.2008.

Se tornar a cruzar-me com o ciclista que pernoita na Avenida da Liberdade, vou fazer os possíveis por saber se é de facto o Adelino e como está.

Se entretanto alguém souber alguma coisa sobre o Adelino, entre em contacto com o Muito suave, quanto mais não seja para tranquilizar a amiga que perguntou por ele.

O maluquinho do Fonte Nova

Quem faz compras no Centro Comercial Fonte Nova, mesmo muito ocasionalmente, já passou por este personagem. O mais certo é ter passado por ele e ter pensado que é apenas “mais um maluco dos muitos que andam por aí”.
É um facto; o homem, que se senta no banco de pedra em frente à gelataria, no piso inferior do Fonte Nova, não está bem.
Mas provavelmente, nem sempre foi assim.

Durante muito tempo, pensei que este homem era o senhor que estava ao balcão da Loja de brinquedos, que existia no Centro Comercial, e que fazia esquina, frente ao balcão da gelataria.
Imaginava que tinha sido o dono e que, forçado pelas circunstâncias, tivesse sido obrigado a desistir da sua loja. Havia assim uma explicação para ter entrado em depressão.
Isto porque o homem, para além de ficar ali sentado a olhar para o chão, horas a fio, faz por vezes uns gestos, como quem arruma qualquer coisa numa prateleira, como quem arruma um brinquedo, pensava eu.
Hoje, inquiri uma funcionária do Centro e fiquei a saber que este homem, não é afinal o homem da loja dos brinquedos.
A rapariga com quem falei – a Josefa – concordou que ele tem, de facto, uma grande parecença física com o senhor que atendia na loja dos brinquedos, mas este homem já ia para ali sentar-se quando essa loja ainda funcionava. E lá se foi a minha teoria.
Quanto à origem do seu comportamento, não sabe: há quem diga que ficou assim desde que a mulher morreu, segundo a Josefa mas a verdade é que ninguém tem a certeza.
O homem, não estando bem vestido, também não está imundo. Alguém haverá que toma conta dele, até porque ele não pede dinheiro a ninguém. Limita-se a estar ali.
Está ali e não há como fingir que não o vemos, embora seja isso que fazemos, como que para exorcizar a ideia de que ele já foi uma pessoa absolutamente normal… como nós.