O sabor das coisas é algo que sempre despertou a minha curiosidade. Desde muito cedo e antes ainda de ter feito qualquer viagem que não a clássica ida a Badajoz “para comprar caramelos”, já eu procurava provar todas as comidas que me passavam pela vista.
Certa vez, ia eu a subir a Rua do Carmo, isto foi no início dos anos 80, e parei para espreitar a montra de uma Charcutaria que ali havia, chamada Martins & Costa.
Esta Charcutaria, infelizmente, já não existe. O edifício ardeu no dia 25 de Agosto de 1988 e o espaço de venda ao público encerrou.
A montra do Martins & Costa era sempre um deleite para a vista. Tinha, como é habitual, vários produtos em exposição, tais como presunto, Queijo da Serra e enchidos variados e outros menos habituais, tal como Caviar, por exemplo.
Penso que, por esta altura, eu já tinha provado caviar uma vez, e tinha noção de que “sabia a peixe”, não despertando por isso a minha cobiça. Independentemente de eu gostar ou não, eu não cessava de me espantar com os preços pedidos por cada latinha. Caramba! Aquilo era mesmo caro!
Mas o que realmente despertou a minha curiosidade foi uma taça de vidro enorme, cheia de Violetas Cristalizadas.
A que saberia uma flor? A cada dia que lá passava, a minha curiosidade aumentava…
Eu ia passando e olhando, e às tantas, um dia enchi-me de coragem, entrei e pedi à senhora ao balcão um pacotinho das tais Violetas Cristalizadas, “Quanto quer? Cem gramas?”, “Queria poucas, é só para provar”, porque aquilo também tinha um preço assustador!
A senhora lá meteu umas quantas flores num pacote de papel e pesou, sendo que afinal a minha extravagância não ficou tão cara como eu tinha imaginado, isto porque o preço apresentado era o de um kilo, e o que eu comprei para provar eram talvez 50 gramas. Só que eu na altura não fazia a mínima ideia do que iria pesar um saquinho, daí o meu receio que a brincadeira fosse sair cara!
Assim que cheguei à rua, toca de abrir o pacotinho e provar as tão desejadas violetas cristalizadas. E… que desilusão! Aquilo por que eu tanto tinha ansiado, não sabia afinal a muito mais que um torrão de açúcar…
Não me serviu de lição, pois continuo a querer provar tudo e mais alguma coisa, sobretudo quando estou em viagem. Mas acho que, depois da história das violetas, a expectativa relativamente a uma experiência gastronómica nunca mais voltou a ser tão grande.
Guardei duas destas violetas num frasco de vidro, para poder mostrar a quem duvidasse da sua existência. Serviram agora para fazer a fotografia.
Nunca mais vi isto à venda em lado nenhum, mas sei que se podem adquirir através da internet. Decoração de bolos, aromatizante num gin & tonic, talvez no fundo de uma flute de champagne?…