Separados à nascença?…

Há coisa mais ou menos de um ano, fiz aqui um “Separados à nascença?…” com o Duarte Lima.
O Sol fez agora outro, genial!…
De facto, se não foi propositada a parecença entre o retrato robot da Gisele, fornecido por Duarte Lima à polícia brasileira, e ele próprio… então parece!
Quanto à culpabilidade de Duarte Lima, deixemo-nos de tretas: é culpado, claro!
Tendo lido os diversos artigos de Felícia Cabrita publicados nas últimas edições do Sol; neste momento, não tenho qualquer dúvida de que foi ele quem matou Rosalina.
São tantas as contradições e tantas as provas, embora circunstanciais que, sinceramente, não vejo como pode alguém ter dúvidas de que o Duarte Lima é responsável por este assassinato.
Esta história do retrato robot e a outra de ter dito que não se lembrava a que agência tinha alugado o carro, quando até enviou para lá um pedido da cópia da factura, parecem desafios lançados à polícia, como se de um jogo se tratasse!
 
Quanto a ser julgado, isso já é outra história… aqui em Portugal, Duarte Lima tem quem o proteja.

Se vier a ser julgado, será em Portugal, mas, como as provas são, na sua maioria, circunstanciais… poderá ainda assim safar-se. Tudo dependerá da “vontade” do Ministério Público em obter uma condenação!

Uma coisa é certa, tão cedo o Dr. Duarte Lima não mete os pés no Brasil!!!

Isto apesar de ele ter lá um amigo à espera, já há uns anos…

Poupar tempo

Aqui há uns tempos, Assunção Cristas, Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, “decretou” que se deixasse de usar gravatas no seu Ministério, para poupar no Ar-Condicionado.

Logo veio uma catadupa de gente à praça pública criticar a Assunção Cristas, dizendo que estas medidas não servem para nada porque o que se vai poupar é “insignificante”.

Aqui no Muito suave, achamos o contrário. Para além do que a medida tem de simbólico, esta medida poupa de facto alguns Euros, e todos sabemos que quando se poupa, todos os tostões contam.

Também é do conhecimento comum que Tempo é Dinheiro. Portanto, poupar tempo, sobretudo nos dias que correm, também é importante.

Talvez as portuguesas devam por isso olhar para o exemplo que nos vem da China.

Vejam o vídeo e digam-me: Isto é ou não é não é uma óptima maneira de poupar tempo?

Marta Cavalheiro

Em Fevereiro, já lá vão uns bons seis meses, estive à conversa com esta miúda, no Rossio.
Foi uma conversa algo perturbante e tive alguma relutância em relatar este encontro, pois poderia ser mal interpretado, por parecer “explorar”a miséria alheia.

Acabei por me decidir a escrever sobre a Marta Cavalheiro, não tanto pelo fascínio que a sua situação me causou, mas mais por achar que talvez, de alguma forma, o facto de este encontro ficar registado possa servir para ajudá-la.

Fazia um dos meus passeios matinais quando, chegado ao Rossio, vi a rapariga deitada ao pé da estátua do D. Pedro IV. 

À primeira vista, pensei que estivesse a dormir por ali, depois de uma noite bem regada. No entanto, após alguns instantes, não vendo qualquer movimento, achei que seria melhor verificar se estava bem. 
Ainda não tinha chamado, quando a vi mexer-se e bocejar. Apesar disso, disse-lhe um “Bom dia! Está tudo bem?…”. Olhou para mim um bocado espantada e articulou, com algum esforço: “Iá… tá-se bem…”

Expliquei-lhe que o facto de estar deitada sem se mexer me tinha deixado apreensivo e por isso a tinha interpelado. Agradeceu-me. Para tentar perceber a situação, perguntei-lhe se tinha perdido a hora do barco.
Contou-me, com uma naturalidade desarmante, que vivia na rua, porque “tinha desatinado” com os pais. A Marta já vive na rua há mais de um ano.

Acabei por ficar a saber que tinha saído de casa por causa de “desatinos com a família” e “por causa do namorado”. Poderia, se quisesse, voltar para casa dos pais, diz-me, mas isso parece ser opção de último recurso.

A dada altura perguntou-me se a podia ajudar com qualquer coisa para comer e acrescentou “…sabes, o dia a dia, quando se vive na rua é uma coisa muito aleatória” e eu provoquei-a: “Já pensaste que, se continuares a viver na rua, um dia destes não vai haver ninguém à tua volta que saiba o que é aleatório?”. Riu-se. Felizmente que tem sentido de humor.


Aceitei dar-lhe uma ajuda e aproveitei para perguntar se podia tirar-lhe algumas fotografias. Quis saber porquê e eu disse-lhe que era para escrever sobre ela. Concordou e continuámos a conversar.
Falámos sobre esta sua “escolha” e sobre as dificuldades de viver na rua, sobretudo no Inverno. Confirmou que este Inverno tinha sido extremamente frio e que algumas noites custaram muito a passar.

Entretanto apareceram dois tipos, um dos quais branco e com rastas, que era o seu namorado, e um outro, mulato, amigo de ambos. Antes que algum deles dissesse o que quer que fosse, cumprimentei-os e expliquei que me tinha preocupado o facto de ela parecer desmaiada. O namorado agradeceu-me. Conversámos mais um bocado e depois despedi-me, desejando boa sorte aos três.

Passado algum tempo, em Abril, ia a passar de carro na Costa da Caparica e vi de novo a Marta e o namorado, a passear descontraidamente, perto da Praia de S. João.

Pareceram-me razoavelmente bem, tendo em conta a vida que levam. Diria mesmo que me pareceram bastante felizes!

Dou por mim a pensar que raio de futuro está à frente para a Marta. O tempo que perdeu até agora, em termos de arranjar um trabalho, nem é o mais relevante. O que é preocupante é que ela agora é uma miúda saudável, tem um sorriso bonito em que não se vê sinal de uma cárie, mas… como é que ela se vai desenrascar se de um dia para o outro lhe aparecer um problema de saúde?

Para além dessa mais que provável eventualidade, que farão eles os dois, o resto da vida, que não seja andar por aí a mendigar, comer “qualquer coisa”, beber tinto barato e fumar umas ganzas?

Pode ser que um dia a Marta acorde e resolva sozinha dar a volta à sua vida. 

Entretanto, não custa nada que quem a veja, pare uns minutos e fale um pouco com ela, tente meter-lhe juízo na cabeça…