Reparei no outro dia que circula no Facebook um apelo à assinatura de uma petição da SOS Animal com a imagem “constrangedora” de um ganso alimentado à força para a produção de foie gras.
À primeira vista, a questão é apenas a tal prática da alimentação forçada. No entanto, entrando na petição, verifica-se que o âmbito desta é bastante maior: o que a petição pretende é acabar com toda a “agropecuária com animais enjaulados”.
Isto seria tudo muito bonito, não fosse o facto da carne de frango de aviário ser uma das fontes de proteína mais económicas à nossa disposição. O frango custa menos de metade da carne de porco. Custa menos de um quarto do valor da carne de vaca mais baratucha.
Mesmo assim, temos em Portugal muita gente que não consegue aceder nem sequer ao frango e vai comendo uma sopinha por dia, porque o resto “é para os remédios”.
Ora se os franguinhos, coitadinhos, passassem a ser todos animais do campo, o preço do quilo de frango iria disparar, porque, logo à cabeça, a área necessária para cada frango seria muito maior, tornando assim impossível a muita gente o acesso a este bem básico.
Já estou quase a ouvir um vegan a dizer “é fácil, deixem e comer carne”. Pois claro, porque a soja que ele compra deve ser quase de borla. E os suplementos alimentares também…
Estas coisas põe-me a pensar que estes “idealistas dos animais” vivem num mundo aparte e não têm consciência do que é passar dificuldades. Dificuldades a sério, do tipo não ter dinheiro para comer decentemente, não estou a falar das dificuldades daqueles que resolvem viajar até à Tailândia sem um tostão no bolso…
Voltando ao foie gras. Meus caros, eu gosto de foie gras. Gosto mesmo muito daquilo. Infelizmente, é bastante caro. Seria ainda mais caro se os gansos não fossem, digamos que, “ajudados” a comer mais um bocadinho em cada refeição. Mas qual de nós não foi alguma vez obrigado a comer sem ter vontade? Fosse pelos pais “não sais da mesa sem acabar o bife”, a quem tínhamos de obedecer ou por um simpático anfitrião que insistia “vá coma só mais um bocadinho” e a quem não queríamos melindrar.
Ora se nós passámos por isso, que mal tem que o ganso passe também? “Vá lá ganso, come a papinha toda”… e continuemos a apreciar o belo do foie gras! Com moderação pois claro, que a carteira não se compadece e o nosso fígado também não!