Puta que pariu mais o 25 de Abril

É verdade que o 25 de Abril nos trouxe a Liberdade. Não o nego. Mas agora a sério… alguém acredita que o regimen, tal como estava, se iria manter para sempre? A censura, resistiria até hoje? Seríamos um país europeu com a internet controlada… como a República Popular da China?… Não me parece que isso fosse viável, mesmo sem uma revolução.

Acordem! Se antes tinhamos os Mellos e quejandos, hoje temos os Mellos, mais os quejandos… mais a corja socialista, mais a corja do PSD, mais as Mortáguas e os amigos politicamente correctos, todos os que se intitulam políticos, tudo a mamar na teta do Estado e com todos nós a pagar.

Bancos salvos da falência, banqueiros sempre a viver à grande e a malta a pagar. Impostos, taxas e taxinhas… RTP com salários milionários… Portugal Telecom vendida ao desbarato… EDP dada de mão beijada aos chineses…

O poder de compra é cada vez mais baixo, mas a malta parece não se dar conta disso. Ah e tal, os Millenials querem é “vivenciar experiências” e viajar, ter um carro já não lhes interessa, para quê se há car sharing? Sobre comprar uma casa, evita-se falar… E a malta vai lendo, vai vendo filmes, vai viajando e vai gastando, sem se aperceber que se tornam escravos e que vão ter de trabalhar até mais tarde do que trabalharam os da geração anterior…

Temos a Liberdade, é verdade, mas a Imprensa está controlada, na sua maioria. Notícias manipuladas, ao virar de cada esquina. E as vozes que se levantam contra o sistema, prontamente reduzidas à sua insignificância.

Estamos mesmo muito melhor?

25 de Abril de 1974, tinha eu 10 anos. Pela parte que me toca, vi o meu pai ser espoliado do resultado do trabalho de uma vida. Detalhes dessa história ficam para outra vez, a bem da privacidade de outros envolvidos.

Passei a ver o meu pai a ter de contar os tostões, para eu poder continuar a andar num colégio particular. E vi também os momentos de alegria e boa disposição passarem a ser mais fugazes.

É verdade que, anos mais tarde, o Estado “acertou contas” com o meu pai e os seus sócios… mas dando-lhes “uma tuta e meia” pelo que antes valia uma pequena fortuna.

Percebi, mais tarde, que essa empresa, que era rentável, logo após ter sido nacionalizada tinha passado a ter uma série de “gestores”, ali “plantados” pelo Estado e bem pagos… e em pouco tempo, essa e várias outras, tinham deixado de dar lucros.

Ouvi uma vez o João Galamba, (mais) uma triste figura do PS, dizer com toda a convicção que “toda a gente sabe que as empresas de transportes de passageiros não podem ser lucrativas”. Mas olha que eram, antes das nacionalizações. E repara que eram obrigadas a a providenciar cobertura para todas as povoações dentro da zona do seu alvará.

Palhaço! Este, entretanto, já encheu os bolsos, à conta das concessões das minas de lítio. Tal como o seu mestre nos esquemas de corrupção, José Sócrates, se encheu. Tal como tantos outros. Só esquemas, mas de milhões… Se é para para roubar que seja à grande!

Os exageros da Revolução, o preço a pagar pela Liberdade… Canções de embalar para os miúdos, que acreditam em tudo o que lhe é entregue com uma embalagem bonita.

Saberão estes miúdos quem era Sá Carneiro, e o que poderia ter sido Portugal com este homem? Saberão que foi assassinado, com a conivência das cúpulas do PS de Mário Soares?

E ainda há uns quantos que vão por aí, pela rua, de cravo na mão, de peito cheio. Puta que os pariu, a eles mais ao 25 de Abril.

Santa Maria, 16 de Março de 2020

Por ter tido de acompanhar a minha mãe ao Santa Maria, passei a madrugada de 16 de Março nas Urgências do Santa Maria. Entrámos às 2h13 e saímos de lá pelas 07h30.

Devido às restrições relativas ao Covid-19, não pude entrar com ela, como acompanhante. Apesar dos seus 91 anos, teve de passar esse tempo todo sozinha e cheia de dores, lá dentro.

Eu na Sala de Admissão das Urgências. Olhando à minha volta, via pessoas que, na sua maioria, concluí depois, estavam ali apenas para passar a noite. Saíram quando chegou a manhã e não estavam a acompanhar ninguém. Além disso, conversavam com o Segurança, como se fossem clientes habituais…

A dada altura, o Segurança comentou comigo que o homem que estava sentado, duas cadeiras a seguir a minha, ia lá de vez em quando tratar das pernas: “Por baixo das ligaduras, aquilo está tudo preto. Os médicos querem operá-lo, mas não podem enquanto aquilo estiver infectado. Quando cá vem, às vezes até lhe tiram larvas das pernas…”

Lá fora, a tenda amarela do Covid-19, a fazer lembrar a possibilidade de qualquer coisa ali poder ser uma fonte de contágio.

Uma noite que não esquecerei. Personagens de um filme. Todos nós…