Broken glass everywhere

Estes vidros no chão, perto da minha casa – algo que é comum depois de qualquer jogo do Benfica – fizeram-me lembrar as palavras imortais de Grandmaster Flash em “The Message”:

Broken glass everywhere
People pissing on the stairs, you know they just don’t care
[…]
Don’t push me ‘cause I’m close to the edge
I’m trying not to lose my head
It’s like a jungle sometimes it makes me wonder how I keep from going under…

Fui à procura e, para além do vídeo original, encontrei este remix espectacular, by Grandmaster Flash & Chamillionaire, com algumas imagens alucinantes de breakdance… Enjoy!

Reciclagem de bilhetes

Tinha acabado de aceitar o panfleto que o José Silva distribuía (ver post anterior) e tratava de comprar o bilhete do metro.

Teclava no ecrã e já tinha passado pelo menu onde temos de responder se pretendemos recarregar um cartão viva e respondido “Não”, pois não tinha comigo nenhum cartão. Iria portanto ter de desembolsar 50 cêntimos extra pelo custo do cartão.

Nisto, aparece-me uma senhora, com um ar… enfim, direi simpático, para não ser mauzinho. A senhora prontifica-se a dar-me um cartão desses: “Não tem cartão? Olhe, tome, não precisa de comprar”. Aceitei, introduzi o cartão e fui teclando pelos menus fora. A senhora, entretanto, vai-me dizendo “Olhe, eu dei-lhe o cartão e é seu. Não me deve nada. Mas se me pudesse dar uma ajudinha para as compras do supermercado, agradecia imenso”.

O supermercado era provavelmente ali para os lados do Casal Ventoso, mas, perante tal criatividade e simpatia, fiquei completamente desarmado e lá lhe dei uma moeda.

Não fiquei a perder porque apenas tinha comigo 50 cêntimos, os mesmos que tinha poupado por não ter comprado cartão.

O cartão que ela me deu, esse tinha sido, com certeza, apanhado do chão – mas reparem que não há nada de desonesto em apanhar um cartão do chão! – pelo que aquela transacção acabou por ser uma “win-win situation”.

Não tenho a mínima dúvida de que, em mais de metade dos casos, o esquema lhe renda 1 Euro, porque hoje em dia, dar menos que isso, quase que até parece mal!…

Olhando para trás, tenho de admitir que acho que a forma como esta senhora concebeu este “esquema de rendimento” e, sobretudo, a maneira como ela desempenha o seu papel… são brilhantes!

José Silva

Quando cheguei ao fundo da escadaria que desce para a estação do Marquês de Pombal, aceitei o panfleto que me estendia um desconhecido.

Na realidade, não era verdadeiramente um desconhecido, pois identifiquei quase imediatamente a sua cara. Tinha-o visto há uns dias atrás, num programa de televisão onde foram entrevistados activistas de várias organizações pacifistas. Perguntei-lhe se era ele que eu tinha visto na TV há uns dias e confirmou-me que sim, sorrindo, por eu o ter reconhecido.

Segui em frente e comprei o bilhete, o que também veio a ser um episódio engraçado que, mais tarde, contarei. Olhei para trás e resolvi documentar a situação, por achar ser um exemplo interessante de exercício da cidadania. Saquei da máquina e fotografei. O homem viu-me e, por momentos, pela sua expressão, achei que ele poderia pensar que era um agente à paisana.

Avancei para ele e perguntei-lhe se não se importava que eu o tivesse fotografado. Disse-me que
não, claro que não, e eu expliquei que tencionava escrever sobre ele no meu blogue.

Perguntei-lhe como é que se chamava e fiquei então a conhecer pessoalmente o José Silva.

Em seguida, perguntei-lhe se a Polícia o andava a chatear muito, com esta história da realização da Cimeira da Nato e, pelo que o José Silva me disse, pareceu-me que não tinha sido alvo de grandes pressões.

O José Silva fez uma pausa na distribuição dos seus panfletos e deu-me a conhecer alguns dos seus pontos de vista: o José Silva acha que os Governos não estão interessados na paz (nem na Educação, nem na Cultura). Para o nosso Governo, por exemplo, esta Cimeira da Nato foi uma óptima desculpa para justificar “a compra dos blindados, em relação aos quais o Governo veio, entretanto, justificar-se dizendo que vão servir para patrulhar bairros problemáticos”.

Para o José Silva, estes blindados, e tudo o mais que diga respeito a armamento, não passam de manobras para justificar despesas exorbitantes com as quais haverá sempre alguém a encher os bolsos. E alguém duvida da parte de encher os bolsos?…

Sobre a violência nas Manifestações Pacifistas, o José Silva não tem a menor dúvida de que esses episódios são sempre provocados por agentes da autoridade infiltrados! Tudo com o fim evidente de justificar continuadamente as despesas com os Agentes da Autoridade e o Exército.

O José Silva informou-me que pertencia à PAGAN e mostrou-me no folheto o símbolo da sua organização e o endereço na net: http://antinatoportugal.wordpress.com/

Fazia-se tarde. Despedi-me do José Silva com um aperto de mão e desejei-lhe boa sorte.

Achei curioso que duas pessoas que desceram as escadas antes de mim não tivessem aceitado o panfleto. Por medo? Não creio, eram muito novos para saber como eram as coisas antes do 25 de Abril. Talvez mais por desinteresse. O desinteresse de quem não está para se chatear, ou de quem pura e simplesmente toma como ponto assente que as coisas são como são e nada pode ser mudado. Parece-me que algures, alguém se esqueceu de ensinar algumas coisas importantes a esta malta.

Posso não concordar com a ideologia que ele prega mas… ainda bem para a nossa Democracia que vai havendo alguns tipos como o José Silva.

Mudar o rumo da vida III

Desde há algum tempo que não me sentia bem com a minha vida. Aspirava a mais qualquer coisa. Queria poder ir de Ferrari para o trabalho ou até, e porque não, poder mandar aquilo tudo à merda e partir para dar uma volta ao Mundo!…

Queria poder ter o suficiente para ser um benemérito… assim como o Bill Gates. Quer dizer, também não é preciso tanto, bastava-me ser como o António Mexia, ir até África dar uma mãozinha aos indígenas e tal… bem acompanhado e sempre com a camisinha branca impecável, claro. Sujar-me todo para quê? Isso ficava para quando fosse andar no todo-o-terreno, com a bela mota ou com o jipe!…

O problema é que, desde aquela história do Doutor Cassama, eu tinha começado a ficar desconfiado com esta malta que se oferece para dar ajudas e ajudinhas!

Como se isto não bastasse, também tinha passado aquela vergonha à porta do 2º Congresso Internacional de Metafísica Cósmica…

Estava a começar a desesperar quando, um dia destes abro o email… e me aparece a Tara!
A Tara, médium visionária, com os seus belos olhos verdes e a dizer-me REALIZE OS SEUS DESEJOS MAIS SINCEROS: AMOR, DINHEIRO, SORTE. Esta sim, esta é que era!

Ainda por cima, a Tara faz as suas vidências gratuitamente, porque, segundo informa no seu site, vai “escrever, dentro em breve, um livro sobre os resultados surpreendentes que consigo obter para várias pessoas em situação difícil (financeira, pessoal ou outra) cuja vida vai mudar depois da minha intervenção”.

Já convencido (apesar de me estar a meter nervos aquele “quém é TARA?”, com o acento no quem, que aparece algures no site), foi só por curiosidade que fui ver a secção TESTEMUNHOS.

Foi aí que reparei num testemunho que reza assim:

« UMA GRANDE SORTE NOS JOGOS !
Desde que recebi o seu e-mail, não paro de ganhar nos jogos ! Toda a gente diz-me que tenho uma grande Sorte ! Ganhei ontem uma aposta nas corridas de cavalos e, esta manhã, ganhei na lotaria. No total, mais de 50.000,00 Euros ! É maravilhoso ! Você é fantástica. » (Sra Margarida C. – Cascais)

Mais adiante havia outro que dizia

« SEM VOCÊ, ESTAVA PERDIDO…
Cheio de dívidas, com seis meses de renda em atraso e sem recursos desde um ano… Estava à beira do suicídio. A sua ajuda voltou a dar-me coragem e confiança. Desde que a recebi, tudo mudou da noite para o dia ! Voltei a encontrar trabalho rapidamente, a minha mulher voltou para casa e ganhámos até uma bonita soma nas apostas de corridas de cavalos.
Agora sei que a Sorte existe. Muito obrigado… » (M. Lourenço V. – Évora)

Corridas de cavalos em Cascais, corridas de cavalos em Évora… espera lá! Mas desde quando é que há corridas de cavalos em Cascais ou em Évora… com apostas???

OK, talvez até haja mas… então e o que é que me dizem do facto de a Sra. Margarida C. de Cascais (aquela que ganhou dinheiro com os cavalos), o Sr. Francisco H. do Porto e a Sra. Teresa M. de Faro terem OS TRÊS ganho dinheiro na Lotaria???…

Como diz o testemunho no fundo da página: Francamente, é de se lhe tirar o chapéu !